Task Force (TCFD): Impacto na transição energética e o gerenciamento de risco climático

23 de junho de 2022

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Task Force (TCFD): Impacto na transição energética e o gerenciamento de risco climático

As temáticas relacionadas às mudanças climáticas, risco climático e sustentabilidade nunca estiveram tão em alta como atualmente. De acordo com o Quadro das Nações Unidas sobre mudanças no Clima, para que tenhamos um futuro mais seguro e estável do ponto de vista ambiental, é necessário uma transição para uma economia de baixo carbono. Diversos encontros (COPs) e medidas vêm sendo tomadas por líderes mundiais para alcançar metas agressivas de redução de emissão de gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera. Além disso, no ano de 2015, foi lançada a “Agenda 2030” com 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), que servem como um guia de ações, utilizados não só por países, como também estão inseridos na estratégia de diversas empresas brasileiras. Por outro lado, os últimos relatórios do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) apontam diversos impactos relacionados às mudanças climáticas, como por exemplo o aumento da frequência de eventos extremos a nível global e o aumento do nível médio do mar. Diante de tamanha responsabilidade, metas e compromissos com a humanidade, as empresas precisam se organizar e se preparar para fazer sua parte. Sendo assim, em vista de incentivar e orientar as empresas a divulgarem informações relacionadas ao risco climático no qual estão inseridas, foi criado o Task Force on Climate-Related Financial Disclosures (TCFD).

O TCFD é uma força tarefa criada pelo Financial Stability Board (FSB) com o objetivo de desenvolver recomendações sobre os tipos de informações que devem ser divulgadas pelas empresas para dar suporte aos investidores na avaliação e precificação de um conjunto de riscos, sendo estes riscos relacionados às mudanças climáticas. A ideia por trás do TCFD é que cada vez mais empresas avaliem os riscos e oportunidades financeiras relacionados às mudanças climáticas, de modo que estes riscos sejam incorporados na gestão de risco e planejamento estratégico da companhia. Assim, as empresas e investidores vão entender melhor as implicações financeiras relacionadas à transição para uma economia de baixo carbono e também sobre os riscos físicos associados às mudanças climáticas, de maneira que consigam embasar melhor suas decisões, alocar capital de maneira mais eficiente e, consequentemente, se tornem mais resilientes frente às mudanças climáticas. 

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Para atingir tal objetivo, o TCFD criou diversas recomendações relacionadas a quatro grandes áreas temáticas, sendo: governança, estratégia, gestão de riscos, e métricas e metas. Desta forma, como podemos ver na figura 1, a governança precisa ter uma estratégia de consciência dos riscos climáticos para que estes possam ser monitorados, gerenciados e metrificados. Dentro destes quatro grandes temas, existem 11 recomendações que serão abordadas resumidamente a seguir.

Figura 1 – Estrutura das recomendações por área temática do TCFD (traduação livre).

Na temática de Governança, o TCFD recomenda descrever de maneira clara o papel do conselho administrativo da empresa na avaliação e gestão dos riscos e oportunidades relacionados ao clima. Com relação a Estratégia, é importante descrever os riscos e oportunidades que a empresa identificou no curto, médio e longo prazo, além de descrever também os impactos ao negócio do ponto de vista estratégico, financeiro e de planejamento. Também é recomendado entender a resiliência da empresa frente a diferentes cenários de projeções climáticas, incluindo um cenário de aquecimento de 2ºC ou menos. Com relação à Gestão de Risco, o TCFD recomenda que a organização descreva o processo de identificação e gerenciamento dos riscos relacionados ao clima e de que maneira estes processos estão integrados com a gestão de riscos global da empresa. Por último, no tópico de Métricas e Metas, as recomendações do TCFD são de descrever as métricas e metas da organização para gerenciar os riscos relacionados ao clima.

Mas e agora, como a empresa pode começar a pôr em prática tais orientações? Inicialmente, é importante que isso se torne um dos temas prioritários da empresa, de maneira que a mesma comece a analisar, planejar e criar estratégias que permitam conhecer os riscos e oportunidades climáticas que existem dentro do seu segmento de atuação. Além disso, não basta apenas conhecer tais riscos de maneira qualitativa, é necessário quantificar todos estes riscos. Ao analisar, por exemplo, o segmento de transmissão de energia, os principais riscos climáticos estão relacionados à ocorrência de descargas atmosféricas, queimadas, ventos fortes e erosão/afundamento do solo. Neste exemplo, pode-se por exemplo quantificar a ocorrência de queimadas e descargas atmosféricas ao longo da linha de transmissão, identificando por exemplo regiões com maior ou menor ocorrência destes fenômenos. No caso dos ventos intensos, pode-se calcular indicadores de frequência e de intensidade dos ventos fortes, caracterizando a região em função destes indicadores e ainda avaliar como será o comportamento do vento nas próximas décadas na região de interesse. Será que os eventos extremos estão mais frequentes na região onde estão os ativos da companhia? Será que tais eventos estão mais intensos? Quais são os principais eventos que podem ocorrer no futuro? Todas essas perguntas podem ser respondidas com a análise adequada dos dados meteorológicos e dos modelos de projeção climática.

Um exemplo de análise que pode ser feita é mostrado na figura 2 abaixo, onde é avaliado a mudança do tempo de retorno das chuvas para dois cenários de projeção climática, um mais otimista e outro mais pessimista. Ou seja, dados os cenários de projeção, a probabilidade anual da ocorrência de um evento de chuva de 100 mm está se alterando na região de interesse?

Figura 2 – Tempo de retorno da chuva máxima em 5 dias consecutivos para o período histórico e dois cenários de projeção climática (até 2050)

Por fim, é importante ressaltar que para o setor de energia os riscos não se restringem apenas ao aspecto físico e custos de manutenção. Destaca-se também o risco sob o aspecto regulatório, ou seja, o risco relacionado ao “menor consumo”, isto é, de acordo com o Plano Nacional de Eficiência Energética do MME, a meta é reduzir o consumo de energia elétrica para 10% até o ano de 2030, comparado com o ano de 2004. Isso pode impactar diretamente nos negócios da empresa, principalmente no setor de Distribuição e Transmissão de energia.

Neste aspecto, é importante ressaltar que a Climatempo possui grande expertise no gerenciamento de riscos climáticos. A Climatempo atua desde o levantamento de riscos climáticos atuais, monitoramento em tempo real e projeções futuras dos riscos ao negócio. Quando falamos em termos de projeções climáticas, a Climatempo trabalha com todos os modelos climáticos disponíveis, além de ranquear quais modelos são mais adequados para a região de interesse. Sendo possível ainda, rodar os modelos de projeções climáticas a nível regional para ter maior detalhamento das informações na região onde a empresa está inserida.

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